Para quem estuda inglês com um olhar nos Estados Unidos e Canadá (tem muita gente sonhando em fazer intercâmbio em um desses países a fim de aprimorar o idioma).
A fama de o Canadá ser um país com forte tradição democrática, com atenção às questões de igualdade social, está sendo esquecida pelos francófonos nesta disputa com os anglófonos em Quebec. Desde outubro, está a maior polêmica a respeito da liberdade de escolha do idioma oficial na província. Lá, os pais que desejam ver seus filhos freqüentando uma escola anglófona deverão ter persistência e muito dinheiro, pois desde aquele mês começou a vigorar a Lei 115, que mudou mais uma vez a Carta da Lingua Francesa (leiam o artigo French and English Speaking out: Quebec’s debate over language laws sobre a antiga polêmica).
Com a lei antiga, para ter uma criança matriculada no meio anglófono um dos pais deveriam ter frequentado ao menos o primário nesse idioma para só então conseguir uma vaga para o(a) filho(a) numa instituição de lingua inglesa com bolsa oferecida pelo governo e ter o diploma de estudos reconhecido. Com a nova regra, os critérios serão ainda mais complexos: agora a criança deve passar ao menos três anos numa escola privada não subvencionada além de uma análise subjetiva de cada caso. A nova lei vale para todos, inclusive aos novos imigrantes.
A Carta da Lingua Francesa foi criada oficialmente em 1977, junto com a lei 101, definindo o francês como a lingua oficial do Quebec – o inglês até hoje está fora, mas é tolerado. O texto passou por diversas mudanças, adaptando-se sempre com a nova realidade da província. Com ela, foi restrito o acesso à lingua inglesa nas instituiçoes de ensino, criando obstáculos. A saída que muitos pais encontraram para manter os filhos estudando na língua de Shakespeare estava nas chamadas “escolas de passagem” (écoles passerelles). Estas, foram criadas para contornar a lei, ajudando a completar os requisitos necessários – o de um ano em uma escola privada paga – e com um preço muito alto para o bolso dos pais.
Onde está a liberdade de escolha do idioma oficial do Canadá, já que o Quebec faz parte do conjunto?