“England and America are two countries separated by a common language.”
Essa frase atribuída ao dramaturgo, romancista e jornalista irlandês Bernard Shaw, nos anos 40 do século passado, colocou em evidência as diferenças do inglês falado nos Estados Unidos e na Inglaterra. Certamente norte-americanos ou britânicos já devem ter passado sufoco, em algum momento, ao cometer alguma gafe ou pagar algum mico devido, principalmente, às diferenças semânticas e de pronúncia entre muitas palavras. No entanto, o impacto causado pelos divergentes aspectos do idioma praticado nos dois lados do Atlântico desde a independência dos Estados Unidos da Inglaterra, em 1776, foi diminuindo com a crescente influência norte-americana e a internacionalização do mundo moderno. Nos dias atuais, o inglês se tornou uma língua franca, uma linguagem universal. É falado com diferentes sotaques, com muitas variedades por milhões de pessoas no planeta, mas sem prejuízo significativo para a comunicação.
Não se pode negar que ainda existem pessoas, sobretudo estudantes, em dúvida sobre “qual o melhor inglês”, na hora de aprender o idioma. É mais uma questão de preferência e não de superioridade do idioma de qualquer dos países. É claro que existem muitas diferenças, na pronúncia, no vocabulário, na gramática e na ortografia, entre o inglês americano e o britânico, da mesma forma como existem diferenças entre o português do Brasil e o europeu. Até dentro do nosso país elas são encontradas nas diferentes regiões. Assim, o inglês do Reino Unido não é o mesmo em toda parte da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, da mesma maneira que existem variantes do idioma em várias regiões dos Estados Unidos. As diferenças são maiores na linguagem coloquial do que na norma culta. Mas as variantes não impedem a comunicação, uma vez que as pessoas podem assimilar e conviver com diferenças.
No final desse post, veja trabalho mostrando algumas das diferenças entre os idiomas britânico e americano.
Além disso, devemos admitir que o inglês britânico e de outros países é fortemente influenciado pelo inglês americano, pela maior exposição deste na mídia, e isso diminui o impacto das diferenças. Até o final do século XIX, o inglês britânico predominava porque a Inglaterra era a superpotência mundial, mas a situação se inverteu no século seguinte. Hoje não somente na Inglaterra, mas em outros países, como o Brasil, as pessoas ouvem mais músicas, lêem mais livros e principalmente assistem a mais filmes americanos. Logo, vão assimilar mais o sotaque, o vocabulário, as expressões idiomáticas ou gírias usados nos Estados Unidos. A velha acusação do país colonizador de que a ex-colônia estava corrompendo a língua-mãe ficou no passado. A mudança é o caminho de todas as línguas vivas. “Ok, man?”
Ao contrário do que aconteceu com o português, que se desenvolveu em dialetos diferentes em Portugal e no Brasil, as muitas diferenças entre o inglês britânico e norte-americano não são tão significativas. A grafia da língua não passou por modificações e adaptações particulares a cada país, como aconteceu com o português, que precisou de uma reforma ortográfica, conforme o acordo entre Brasil, Portugal e outros países falantes da língua portuguesa em 2009. Mas, repetimos, existem muitas diferenças entre o inglês britânico e americano, sobretudo em pronúncia e vocabulário. As diferenças de ortografia e gramática são menores.
No vocabulário, por exemplo, os nativos de um ou do outro país já usaram indevidamente expressões com significados completamente diferentes em sua terra. Algumas chegam a ser ofensivas para alguns. Por exemplo: você sabia que “fag” na Inglaterra significa cigarro (cigarette) ou um homem jovem (young boy), mas nos Estados Unidos quer dizer homossexual, bicha, baitola (gay man)? Mas isso não é privilégio do inglês britânico e americano. Palavras semanticamente diferentes existem também, por exemplo, no português falado no Brasil e em Portugal. “Bicha” aqui significa um animal de corpo comprido e alongado, como sanguessuga ou cobra, mas é uma gíria muito associada a homossexual. Entre os lusitanos não tem nada de ofensivo, significa “fila”.
Como já comentamos, as maiores diferenças do inglês praticado entre britânicos e americanos estão na pronúncia. Elas são evidentes no ritmo, pois a fala britânica é mais enfática e a do americano mais arrastada. Citando algumas diferenças na pronúncia: no britânico, muitas vogais são nasalizadas e o “r” é silencioso (a não ser quando esta consoante vem antes de uma vogal). No americano, as vogais tônicas são mais longas e o “t” entre vogais tem o som de um “d” suave.
- Veja a diferença de pronúncia neste vídeo:
- Depois de assistir ao vídeo, clique neste link a seguir e compare a variedade de pronúncia do inglês em nove países: americano, britânico, irlandês, escocês, galês, australiano, canadense, indiano e sul-africano – Fonetiks
Como você observou, a lingua é basicamente a mesma, não existe um abismo entre os diferentes sotaques. Esqueça a velha disputa de superioridade entre um e outro e pense que essa diversidade nos oferece a possibilidade de vivenciar outros sotaques, pronúncias e vocabulário. Estudar, entender e apreender tudo isso nos ajuda a ser proeficientes.
Dê uma olhada no nosso trabalho abaixo, acompanhado de vídeo do Youtube, para ver uma pequena amostra das diferenças entre o inglês americano e britânico.
- Day 24 – Diferenca entre Ingles Americano e Britanico: